Nesta segunda-feira (10), uma operação conjunta que contou com a participação da Polícia Federal (PF), do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e da Fundação Nacional do Índio (Funai), foi deflagrada na Reserva Indígena dos Kadiwéu, na Serra da Bodoquena, em Corumbá e em Porto Murtinho para controlar a exploração ilegal de madeira, desmatamento e queimadas. Na ocasião, o Ibama emitiu multas de aproximadamente R$218 mil pelas infrações, direcionadas para os indígenas. No entanto, o destino final dessas multas é a Funai.
Aproximadamente 43 hectares foram degradados em sete propriedades rurais que foram retomadas pelos indígenas. De acordo com as investigações, há indícios de arrendamento ilegal das terras para terceiros, que estavam sendo destinadas para pastagens, agricultura e extração madeireira. Em coletiva realizada na manhã desta quinta-feira (12), representantes dos três órgãos participantes da Operação “Quebracho”, como foi batizada, afirmaram que as investigações continuam para apurar a extensão exata da área e quem são os possíveis envolvidos nos crimes de desmatamento, uso ilegal de fogo e extração ilegal de madeira. Até o momento, ninguém foi preso.
O Superintendente Regional da Polícia Federal, Cleo Mazzotti, reforçou que a ação ilegal partiu de poucos indivíduos da comunidade Kadiwéu e que os lucros com os crimes iam para terceiros. “Todos os índios estão sendo prejudicados. Alguém está lucrando em uma área que deveria ser preservada. A ação é para proteger a coletividade indígena, estamos defendendo direitos coletivos da comunidade em detrimento de alguns que acabam lucrando”, destacou.
Algumas das denúncias que motivaram a ação partiram de indígenas da própria comunidade Kadiwéu. Segundo Henrique Dias, coordenador regional da Funai, a extensão da área de reserva, que é também de difícil acesso, dificulta a aproximação entre o órgão e as comunidades, além do acompanhamento de situações como as investigadas. Ainda de acordo com Dias, a reserva da etnia Kadiwéu abrange mais de 500 mil hectares de terra demarcada, onde estão distribuídos cerca de 2500 indígenas em pequenas aldeias espalhadas.
As denúncias de crimes ambientais na região estão sendo recebidas há cerca de um ano, tempo utilizado para elaborar a operação. De acordo com Luiz Carlos Marchetti, o Superintendente Regional do IBAMA/MS, não foram localizados carregamentos no local porque já havia sido encaminhado para os locais de destino. Marchetti também reforçou que o órgão segue realizando o acompanhamento da área protegida por lei.
Acampamentos com exploração ilegal de madeira e pequenos desmatamentos foram encontrados e resultaram na apreensão de 700 lascas de ipê, além de multas para o posseiro da propriedade. Nos locais, a Polícia apreendeu motosserras, corrente de arrastão, motos e armas de fogo. Ainda foi identificada a presença de indivíduos que não pertenciam a etnias indígenas, os quais estavam realizando corte seletivo de árvores, como a Aroeira e o Ipê, alegando ter sido contratados pelos indígenas.
Os agentes responsáveis pela investigação permanecerão na Aldeia Kadiwéu até esta sexta-feira (13).
Operação Quebracho
A operação foi batizada de "quebracho" por conta do nome popular de uma espécie de madeira muito explorada na região de Porto Murtinho (MS), que é muitas vezes comercializada como aroeira, devido à semelhança entre as espécies.