Vinte e nove militares do Corpo de Bombeiros do Paraná chegaram nesta quarta-feira (16) em Mato Grosso do Sul para reforçar o trabalho de combate aos incêndios florestais que atingem os biomas Pantanal e Cerrado. Eles se apresentaram em Campo Grande e devem seguir ainda hoje para as cidades de Alcinópolis, Corumbá, Costa Rica e Ladário.
A força-tarefa do Estado vizinho chegou em seis viaturas. Segundo o comandante da equipe de trabalho do Paraná, tenente-coronel Ezequias de Paula Natal, outros 10 bombeiros devem chegar amanhã (17) a Mato Grosso do Sul. A segunda equipe virá com equipamentos de combate ao fogo e sete caminhões-tanque com capacidade total de armazenamento de 35 mil litros de água.
“Trouxemos especialistas em combate a incêndios florestais. Viemos com todo empenho para ajudar”, disse o tenente-coronel Natal. Segundo ele, essa é a terceira vez que os militares do Paraná vão ajudar a controlar incêndios florestais fora do Estado de origem. A primeira vez foi em 1998 em Roraima e a segunda em 2019 no Pará e no Amazonas.
Militares devem ficar no Estado até o completo controle dos incêndios
O comandante-geral do Corpo de Bombeiros em Mato Grosso do Sul, coronel Joilson Alves do Amaral, agradeceu o “empenho, vontade e garra” da corporação irmã. “Ajudar está na nossa essência. O trabalho aqui será o mesmo. Apenas o cenário que irá mudar”, exemplificou. Ele ainda adiantou que o Corpo de Bombeiros de Santa Catarina está se mobilizando para mandar apoio para Mato Grosso do Sul.
Também hoje, o governador Romeu Zema, de Minas Gerais, confirmou ao governador Reinaldo Azambuja que vai enviar um helicóptero para contribuir com o trabalho de enfrentamento às chamas. A informação foi divulgada pelo secretário estadual de Meio Ambiente, Desenvolvimento Econômico, Produção e Agricultura Familiar de MS, Jaime Verruck.
Estrutura operacional
Ação integrada do Governo do Estado com a União e a iniciativa privada tem combatido há meses os incêndios florestais. No Pantanal, a operação é coordenada pela Marinha com apoio do Corpo de Bombeiros e de brigadistas do Ibama/Prevfogo. Aviões, helicópteros, embarcações e caminhões pipa são utilizados no dia a dia dos combatentes.
Na região do Cerrado, militares do Corpo de Bombeiros e do Exército trabalham em conjunto com técnicos do ICMBio (Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade), ligado ao Ministério do Meio Ambiente. Voluntários de empresas privadas da Costa Leste também lutam contra as queimadas. São pelo menos 500 pessoas dos setores sucroalcooleiro e de florestas plantadas.
Desafios do Pantanal
Para combater as chamas no Pantanal, os bombeiros do Paraná vão encontrar desafios característicos do bioma, explicou o secretário de Justiça e Segurança Pública de Mato Grosso do Sul, Antônio Carlos Videira. “A maior seca dos últimos 50 anos baixou o nível das águas e uma grande quantidade de biomassa ficou depositada nas baías. Isso funciona como combustível para o fogo. Precisamos de todo apoio de vocês”, ressaltou.
Situação de emergência
Mato Grosso do Sul enfrenta um período de incêndios florestais que tem devastado o Pantanal, o Cerrado e até a Mata Atlântica. O focos começaram a mais de 90 dias no bioma alagado e se estenderam para as outras regiões nas últimas semanas. O Governo do Estado decretou situação de emergência ambiental por causa das queimadas e recursos federais já começaram a chegar para ampliar o trabalho de combate ao fogo.
Ontem (15), o Ministério do Desenvolvimento Regional (MDR) liberou R$ 3,8 milhões para as ações de enfrentamento em todo o Estado. Os recursos serão utilizados em locação de aeronaves, contratação de horas de voo, compra de equipamentos e até em pagamento de diária, hospedagem e alimentação para os brigadistas. O dinheiro pertence ao primeiro plano de trabalho aprovado pela Defesa Civil Nacional. Outros serão liberados nos próximos dias.
Biomas devastados
Análise do Laboratório de Aplicações de Satélites Ambientais da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) revela que 19% do Pantanal do Brasil foram queimados em 2020. Publicada no último domingo (13), a nota técnica estima perda de 2.369 hectares de vegetação do bioma, sendo 1.614 hectares queimados no Pantanal do Mato Grosso e 751 mil hectares no Pantanal do Mato Grosso do Sul.
Segundo o chefe do Centro de Proteção Ambiental do Corpo de Bombeiros de MS, tenente-coronel Waldemir Moreira Júnior, situações críticas são registradas em três regiões: no entorno das cidades de Corumbá e Ladário - Baía Negra, Estrada Parque e Serra do Rabicho; na divisa de MS com MT - Serra do Amolar e Porto Jofre; e na Terra Indígena dos Kadwéus - próximo de Porto Murtinho.
Na Costa Leste de Mato Grosso do Sul, o Parque Estadual das Nascentes do Taquari, nos municípios de Alcinópolis e Costa Rica, já perdeu 15 mil hectares para o fogo - o que representa 49% da área de Cerrado devastada.