Na última sexta-feira (28), mais uma onça-pintada foi encontrada morta, possivelmente após ser atropelada, na BR-262, entre os municípios de Miranda e Corumbá. O corpo do animal foi recolhido pelo presidente do IHP (Instituto Homem Pantaneiro), coronel Ângelo Rabelo, policial militar aposentado, e entregue à PMA (Polícia Militar Ambiental) em Corumbá.
O caso traz o alerta para a necessidade de adoção urgente de medidas capazes de reduzir o atropelamento de animais silvestres na BR-262, que corta uma parte da região pantaneira.
Desde 2016, o Programa Felinos Pantaneiros, do IHP, contabiliza 13 onças-pintadas mortas na BR-262. Além disso, por mês, centenas de outros animais silvestres morrem atropelados na rodovia.
Presidente do IHP, Rabelo lembra que a proteção da natureza depende da construção de parcerias estratégicas. Só assim, afirma, é possível ter resultados satisfatórios.
“Lamentavelmente, estamos assistindo todos os dias a morte de animais silvestres e, certamente, em muitos lugares já não é possível avistá-los, porque a mão humana, com seus diferentes interesses, não consegue estabelecer uma convivência harmoniosa, respeitosa e que possa assegurar, de fato, que possamos continuar tendo a possibilidade de ver animais, como estes, vivos e livres na natureza”, afirma.
Nos últimos anos, o IHP tem se dedicado a buscar parcerias em prol da preservação e conservação das espécies que circulam na região da rodovia. Ainda assim, as conversas não evoluem e, enquanto isso, todos os dias são registrados casos de atropelamentos de animais na rodovia.
Com o baixo nível do Rio Paraguai, em especial no último ano, praticamente toda a demanda da hidrovia migrou para o sistema rodoviário, o que fez aumentar o fluxo de veículos - principalmente os de grande porte - na BR-262. No mesmo período, porém, nenhuma medida de mitigação foi adotada.
A Polícia Militar Ambiental encaminhou o corpo do animal à Fundação de Meio Ambiente, onde foi feita a coleta de materiais por médicos-veterinários do IHP e da própria fundação. Os materiais serão encaminhados ao Cenap/ICMBio (Centro Nacional de Pesquisa e Conservação de Mamíferos) para análise genética e epidemiológica.