Em 2021, a Amazônia alcançou o maior nível de desmatamento dos últimos 10 anos. Os dados do Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon) apontam que mais de 10 mil quilômetros de mata nativa foram destruídas no ano passado.
Existem vários setores responsáveis por provocar o desmatamento com impactos de intensidades diferentes na natureza.
A agricultura de subsistência utiliza da prática para a criação de roças e plantação de alimentos, onde utiliza mão-de-obra manual, porém o seu impacto é menor, já que a longo prazo as áreas usadas sofrem por uma regeneração local. O desmatamento, nesse caso, se trata da sobrevivência por meio da terra, ou seja, sem isso não há alimentos para os moradores da região.
Os médios e grandes pecuaristas da região amazônica são os que causam maiores danos por abrangerem áreas maiores e avançarem em áreas preservadas. A pecuária utiliza do desmatamento para a criação de gado, onde necessita de pasto para a manutenção do rebanho, fazendo-os avançar pela mata nativa. Também há o desmatamento ocasionado pela extração de mineração e madeira ilegal, como também plantações de soja.
A diretora-presidente da Fundação Ecológica Cristalino, Vitória Da Riva, definiu o início de sua atuação, em entrevista para o jornal Valor Econômico, como uma “espécie de marketing missionário”. Agora, ela tem urgência, diz que ou se faz alguma coisa nos próximos dez anos ou a destruição da Amazônia será irreversível. “A ganância das pessoas é enorme. Você planta soja e daqui uns meses está colhendo. É dinheiro rápido. O que o Brasil precisa é de pesquisa voltada para a área econômica, para mostrar o que tem na floresta e valorar esses produtos. A floresta tem patrimônios ambientais invisíveis. Se você destrói, destrói vida. O solo é pobre. Se você desmata para plantar soja, daqui a dez anos vai virar deserto”.
O estado do Pará, no norte do país, é a região que mais desmata a região da floresta Amazônica. Em 2021, dos nove estados que compõem a Amazônia Legal, apenas o Amapá não apresentou aumento do desmatamento em relação a 2020. “Líder histórico, o Pará manteve a primeira colocação no ranking dos que mais desmatam, com 4.037 km² devastados, 39% do registrado em toda a Amazônia. No Estado, houve aumento da derrubada da floresta tanto em áreas federais quanto estaduais. Além disso, mais da metade das 10 terras indígenas e das 10 unidades de conservação que mais desmataram em 2021 ficam em solo paraense”, alertou o Imazon.
A pesquisa também comprovou que 4.915 km² foram devastados em territórios federais, correspondendo a 47% de todo o desmatamento registrado na Amazônia no ano passado e sendo a pior em 10 anos. Quanto às áreas protegidas, o desmatamento atingiu 507 km² de mata nativa, 10% a mais que no ano anterior.
Comprometimento com a conservação
No final de 2021, mais de 100 países assumiram o compromisso coletivo de reverter as perdas florestais em seus territórios. O acordo assinado na 26ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças do Clima (COP26), em Glasgow, envolve países com grandes áreas de florestas como Canadá, Colômbia, Indonésia, República Democrática do Congo e o Brasil.
Promovendo o desmatamento ilegal zero no Brasil até 2028, o governo federal fortalece a defesa da Amazônia e do desenvolvimento sustentável. Para cumprir esse objetivo, é preciso incentivar a sustentabilidade socioeconômica na Amazônia, por meio do desenvolvimento local e a inclusão das comunidades.
Com a ajuda da tecnologia, a Nemus, dona de 410 km² da floresta Amazônica, pensou em novas formas de conservação por meio dos tokens não fungíveis (NFT’s), que permitem que os compradores patrocinem a preservação de algumas áreas específicas.
Os NFT’s são bens digitais negociados por valores monetários e podem representar tudo, desde desenhos de macacos a roupas para serem usadas por avatares no metaverso. O fundador da empresa, Flávio de Meira Penha, diz que quem comprar os tokens não terá a terra em si mas informações sobre a preservação dela, como imagens de satélite, licenciamento e outros documentos.
Os lotes variam de tamanho, de um quarto de hectare a 81 hectares, que os compradores poderão localizar em mapas online. NFTs para os menores lotes são vendidos por US$ 150 e o maior custa US$ 51.000.