Bonito, Mato Grosso do Sul - 29 de Novembro de 2024
Meio Ambiente

Desmatamento no Cerrado em 2019 é 2,26% menor que em 2018, mas cresce 15% em unidades de conservação

Dados são do Projeto Prodes Cerrado, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), ligado ao Ministério da Ciência e Tecnologia.

Com informações de G1
Em 17 de Dezembro de 2019 às 14h52
(Divulgação/Polícia Federal)

O desmatamento do Cerrado no período de agosto de 2018 a julho de 2019 ficou 2,26% menor, na comparação com o período anterior, mas aumentou 15% dentro de unidades de conservação. O bioma corresponde a 24% do território nacional e abrange os estados da Bahia, Goiás, Maranhão, Minas Gerais, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Piauí, Paraná, Rondônia, São Paulo, Tocantins, e também o Distrito Federal.

Os dados são do Projeto de Monitoramento do Desmatamento (Prodes) do Cerrado, feito pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), ligado ao Ministério da Ciência e Tecnologia. Eles são considerados a taxa oficial de desmatamento do bioma, divulgada uma vez por ano. Na Amazônia, o desmatamento no mesmo período teve aumento de 29,5%.

De acordo com o Prodes, foram devastados 6.483,4 km² no Cerrado. Na Amazônia, foram 9.762 km². Os dados do Inpe mostram também que foram registrados 517,31 km² de desmatamento em unidades de conservação (UCs) no Cerrado. No ano passado, a taxa de desmatamento nas UCs foi de 449,7 Km² – ou seja, um aumento de 15%. Desde 2016, o Brasil não apresentava índices tão altos de desmatamento em UCs nesse bioma, que teve redução após o pico em 2015, e voltou a crescer em 2017 e 2018.

Apesar da leve queda, o Cerrado perde uma cidade de Londres a cada três meses. De acordo com a WWF, o bioma "estabilizou-se em um patamar alto e caminha para um processo de extinção em massa".

"A série histórica indica estabilização na taxa de destruição do Cerrado nos últimos quatro anos em torno de uma média de 680 mil hectares por ano. Mais da metade da área original do bioma já foi convertido para atividades agropecuárias ou uso urbano, e pesquisas apontam que apenas 20% do remanescente encontra-se em condições saudáveis de conservação. Isso torna o Cerrado uma das áreas naturais mais ameaçadas do planeta", afirma a WWF.

Diferenças entre o desmatamento na Amazônia e no Cerrado

De acordo com a WWF, o desmatamento nos dois maiores biomas do país ocorrem de modo distinto. Enquanto na Amazônia há terras públicas sem destinação ou proteção do Estado, suscetíveis à invasão de grileiros, no Cerrado a maior parte do desmatamento ocorre em propriedades rurais.

"[São] produtores rurais e grupos empresariais – com destaque às chamadas companhias de terra", afirma a entidade.

"A estabilização das taxas[de desmatamento] está em parte associada com o fato de que tais companhias começaram a atender ao apelo de seus investidores e compradores quanto às ilegalidades e ao desmatamento, já que o desmatamento zero é uma agenda em rápida consolidação tanto no mercado internacional, como em legislações nacionais e de blocos econômicos", destaca.

Cerrado
 
O Cerrado abriga "200 espécies de mamíferos, 800 espécies de ave, 180 de répteis, 150 de anfíbios e 1200 espécies de peixes, que nadam pelas três maiores bacias hidrográficas do continente", de acordo com o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade, o ICMBio.

Este é o segundo maior bioma da América do Sul, mas tem a menor porcentagem de áreas sobre proteção integral. "Apenas 8,21% da área total do território é legalmente protegida com unidades de conservação; uma das razões que fazem do Cerrado o bioma brasileiro que mais sofreu alterações com a ação humana", afirma o ICMBio.

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