Bonito, Mato Grosso do Sul - 27 de Novembro de 2024
Meio Ambiente

Estado de emergência é decretado no Pantanal devido à incêndios

As Forças Armadas estão ajudando a controlar os incêndios com cinco aeronaves e 70 homens em linha de frente no Pantanal de Corumbá, município que detém mais de 60% do bioma.

Ketlen da Silva
Em 27 de Julho de 2020 às 13h29
(Divulgação)

Desde a última sexta-feira, está em vigor o decreto nº 080 que declara situação de emergência ambiental na área do Pantanal de MS por 180 dias, assinado pelo governador Reinaldo Azambuja. A medida foi publicada em edição extra do Diário Oficial, juntamente com a portaria nº 797 do Imasul (Instituto de Meio Ambiente de MS) que suspende os efeitos das autorizações ambientais de queima controlada pelo mesmo período.

O decreto e a portaria integram um conjunto de ações que o Governo do Estado está tomando para intensificar o combate aos focos de calor na região do Pantanal, com ênfase aos incêndios que ocorrem na borda do Rio Paraguai, em frente a cidade de Corumbá e Ladário. Atendendo a pedidos do governador Reinaldo Azambuja, o governo federal garantiu, na noite de sexta-feira, todo apoio operacional a nova força-tarefa que entra em operação já neste fim de semana.

O secretário Jaime Verruck, da Semagro (secretaria de Meio Ambiente, Desenvolvimento Econômico, Produção e Agricultura Familiar), anunciou que os ministros do Meio Ambiente da Defesa, Ricardo Salles e general Fernando Azevedo, atenderam ao governador e solicitaram o planejamento da ação integrada no Pantanal que terá aeronaves e brigadistas. O Estado pediu a disponibilidade de um helicóptero do Ibama e um avião Hércules e um helicóptero Pantera do Exército para transporte dos brigadistas às áreas de difícil acesso.

“O decreto de emergência e a portaria suspendendo a queima controlada foram necessários diante da situação que estamos passando, onde os índices pluviométricos indicam uma estiagem mais crítica e prolongada dos últimos 30 anos, com efeitos não somente ambientais, mas às exportações de grãos e minérios pelo Rio Paraguai”, afirmou o secretário. Ele citou os focos de calor próximos à Corumbá, que estão causando transtornos à população.

Verruck adiantou que a frente de combate aos incêndios está em campo, com a coordenação do Corpo de Bombeiros e a participação de brigadistas do Ibama, além da Polícia Militar Ambienta (PMA), que investiga a origem dos focos, sabendo-se que não ocorrem por ações deliberadas dos proprietários rurais. O secretário informou, ainda, que a Semagro alinhou com as prefeituras de Corumbá e Ladário a decretação municipal da situação de emergência.

O decreto assinado pelo governador Reinaldo Azambuja se sustenta “no conjunto de fatores ambientais negativos que resultam na propagação de incêndios florestais, no prejuízo à navegabilidade dos rios, culminando na emissão de altíssimos índices de fumaça que prejudicam ainda mais a saúde da população de toda a região, já em emergência de saúde em função da doença Covid-19”.

O ato estabelece que a Semagro coordenará a articulação interinstitucional com os demais órgãos públicos para a definição e a execução das estratégias de combate aos incêndios, os quais já teriam destruídos 300 mil hectares em Corumbá, conforme o PrevFogo/Ibama. “Estamos vivenciando um período atípico com a grande incidência de focos de calor, prevista para o segundo semestre do ano, comprometendo a navegação”, disse Verruck.

Apoio das Forças Armadas

Com uma das maiores estruturas para combate aéreo e terrestre aos focos de calor já montada em Mato Grosso do Sul, a Operação Pantanal II passa a atuar nesta segunda-feira (27) com cinco aeronaves e 70 homens em linha de frente no Pantanal de Corumbá, município que detém mais de 60% do bioma. Os maiores focos estão próximos à cidade, mas o fogo se propaga também em outras regiões, dentre as quais o entorno do Forte Coimbra.

O Comando Integrado da Operação Pantanal II foi instalado no 6º Distrito Naval da Marinha, em Ladário, unificando as ações do Governo do Estado, por meio da Semagro (secretaria de Meio Ambiente, Desenvolvimento Regional, Produção e Agricultura Familiar) e Corpo de Bombeiros, e Ibama, Marinha, Exército e Aeronáutica. Integram a coordenação do planejamento das ações os tenentes-coronéis bombeiros Huesley Paulo da Silva e Luciano Alencar.

Helicóptero da Marinha lança água sobre os incêndios localizados em frente a orla portuária de Corumbá e Ladário. (Divulgação)

A força-tarefa é resultado do pedido de apoio operacional do governador Reinaldo Azambuja aos ministérios da Defesa e de Meio Ambiente, com resposta imediata do governo federal na cedência de aeronaves para reforçar e intensificar o combate aos incêndios florestais. No dia 24, o governador decretou situação de emergência ambiental no Pantanal, por 180 dias, e suspendeu os efeitos das autorizações ambientais de queima controlada, pelo mesmo período.

Sobrevoos realizados na tarde de domingo (26) na área crítica de Corumbá definiram as ações de combate nesta segunda-feira, incorporando à operação o avião C130 (Hércules), da Força Aérea Brasileira, que está baseado em Campo Grande. Equipado com MAFFS (Modular Airbone Fire Fighting System), o Hércules lança 12 mil litros de água e decolará da Base Aérea de Campo Grande com as coordenadas já definidas por GPS para o combate direto aos focos.

A estratégia para eliminar os incêndios é uma ação integrada e simultânea entre os bombeiros e brigadistas do Prev-Fogo/Ibama, por terra, e os lançamentos de água pelas aeronaves – além do Hércules, esperando operando os helicópteros Gavião e Pegasus, da Marinha, e o H-60, da Aeronáutica. Também integra a estrutura logística o helicóptero HNI – Pantera -, do Exército, que auxiliará no transporte dos bombeiros e brigadistas às áreas de difícil acesso.

“Os focos de calor mais próximos a Corumbá estão praticamente extintos, vamos priorizar aqueles que se propagam no sentido Norte e fazer reconhecimento de focos mais ao Sul”, informou o tenente-coronel Huesley. Ele destacou a integração dos órgãos federais e estaduais na Operação Pantanal II, realçando que o apoio aéreo é imprescindível para reconhecimento e levantamento das áreas com fogo e o rápido deslocamento da tropa para o efetivo combate.

A Operação Pantanal II priorizará, nesta segunda-feira, o enfrentamento aos incêndios que se expandem nas regiões do Castelo e Laranjeiras, está próxima à Escola Jatobazinho, onde o fogo controlado há uma semana ressurgiu no entorno. Está previsto, ainda, voo de reconhecimento com as aeronaves UH-12 e UH-15 na região Sul, nas proximidades de Forte Coimbra, e na Serra do Amolar (Norte), para posterior planejamento das ações de combate.

Com uma área territorial de 65 mil quilômetros quadrados – 11º maior município do Brasil -, Corumbá lidera o ranking dos focos de calor em Mato Grosso do Sul. Somente em julho, em um cenário atípico, o Estado concentrou 8.967 focos, dos quais 7.120 (79,4%) somente na Capital do Pantanal. No domingo (26), os satélites do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais registraram 138 focos em seis municípios, dos quais 88,4% (122) em Corumbá, onde a fumaça do fogo sufoca a cidade há vários dias.

Além de sediar o Comando Integrado da operação, a Marinha abriga em seus alojamentos os bombeiros que vieram das unidades de Aquidauana, Jardim, Maracaju, Campo Grande e Ponta Porã. O comandante da centenária base naval, instalada em 1874, contra-almirante Sérgio Gago Guida, colocou o centro operacional da unidade à disposição, inclusive navios e tropa para abrir caminhos nas áreas inundadas para acesso dos bombeiros e brigadistas.

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