Após quase oito meses sendo monitorada por sinais emitidos por GPS e VHF, a onça macho que foi resgatada em novembro de 2020 nos incêndios do Pantanal e devolvida para seu habitat em janeiro deste ano, foi avistada no dia 31 de agosto, por três pesquisadoras próximo à Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN) Acurizal, na Serra do Amolar.
Conforme relata a ecóloga e gestora de áreas do Instituto Homem Pantaneiro (IHP), Vanessa Morais, o animal estava tranquilo. “Ficamos entre sete e dez minutos acompanhando ele de longe. Ele andou na beira do barranco, continuou se movimentando, até perdermos ele de vista. Foi bem lindo”, relata.
O coordenador do programa Felinos Pantaneiro, o médico veterinário Diego Viana, relembra de quando também avistou Joujou. “Conseguimos avistar o animal poucas vezes. Acompanhamos o deslocamento dele diariamente pelos dados enviados pelo colar GPS e semanalmente analisamos essas informações importantes sobre a readaptação. A cada dia que passa conhecemos mais um pouco como o Joujou vive na Serra do Amolar e registros como os de hoje confirmam que estamos no caminho certo. Nossos seguidores e quem acompanha o nosso trabalho nas mídias, tenho certeza que também comemora conosco, já que diariamente nos perguntam notícias dela”, revela Viana.
Além de Vanessa, fizeram registros e também estavam no barco, a bióloga e doutoranda em Ecologia, Nathalie Foerter e amédica veterinária e já Dr. em Ecologia, Grazielle Soresini. Ambas do projeto Ariranhas.
Saiba mais sobre o histórico do monitoramento
Diariamente a equipe do programa Felinos Pantaneiros monitora os dados de movimentação da onça-pintada macho Joujou que são emitidos pelo colar GPS, além de semanalmente feito análise com a parceria do CENAP/ICMBio, e assim é levantado as informações do tamanho da área de vida, deslocamentos diários e até mesmo o comportamento, como exemplo, que o animal prefere descansar na sombra das árvores entre as 10h e 14 horas.
A onça Joujou foi vítima dos incêndios na Serra do Amolar no ano passado. Em novembro de 2020, foi resgatada pela equipe do GRETAP, com apoio de parceiros junto ao IHP, como CRMV MS, Instituto Tamanduá, GRAD, UCDB, Semagro/Imasul, Ampara Silvestre, Ibama e Esquadrão Onça da Força Aérea.
A onça foi tratada e reabilitada no CRAS/Imasul, em Campo Grande, onde passou por tratamento por cerca de dois meses. Como estava em condições de voltar a natureza, foi realizada a soltura em 23 de janeiro de 2021, em uma operação que contou com apoio do IHP, Onçafari, Gretap, Imasul, ICMBio, CRMV/MS e Força Aérea Nacional.
Desde então, a equipe do IHP monitora esses passos do felino. Nas primeiras semanas o acompanhamento era diário e in-loco, onde a maior preocupação era saber se voltaria a caçar presas nativas e se adaptaria ao colar GPS/VHF. Dois dias após da soltura a equipe encontrou Joujou próximo a uma carcaça de capivara, o que demonstrou a rápida readaptação ao seu território. Desde então, Joujou vive em áreas de duas RPPNS (Penha e Acurizal), praticamente estabilizou sua área de vida em 100 km² e seu maior deslocamento diário foi de 15 km, porém a média é 6 km/dia, exceto nos dias frios onde se movimenta muito pouco. “Um verdadeiro corumbaense que não gosta de frio”, brinca o médico veterinário Diego Viana.
Sobre programa Felinos Pantaneiros
O programa Felinos Pantaneiros, na Serra do Amolar, integra as atividades do IHP, o qual é responsável por monitorar desde 2016 aspectos ecológicos das onças-pintadas e pardas na região.
Tanto a onça-pintada (Panthera onca), como a onça-parda (Puma Concolor), são animais da lista vermelha de espécies da fauna brasileira ameaçadas de extinção. Já a Serra do Amolar, foi classificada como área prioritária para a conservação da onça-pintada e faz parte da Jaguar Conservation Unit (JCU) 18, representando como habitat propício para a espécie.
Já o IHP, foi fundado em 2002, é uma organização da sociedade civil, sem fins lucrativos, que atua na gestão de áreas, conservação e preservação do bioma Pantanal e da cultura local. Sua missão é “Preservar o Pantanal”. Tem sede em Corumbá - Mato Grosso do Sul.
Como programa principal da Instituição, está a gestão do Rede de Proteção e Conservação da Serra do Amolar (Rede do Amolar), criado em 2008 e que tem como finalidade propor ações de gestão integrada entre as organizações parceiras para proteção de 276.000 hectares, sendo que 201.000 hectares legalmente protegidos. A iniciativa surgiu a partir da parceria entre IHP, Instituto Acaia Pantanal, Fazenda Santa Tereza, Fundação Ecotrópica e Parque Nacional do Pantanal Mato-grossense/Instituto Chico Medes (ICMBio) e Polícia Militar Ambiental.
Serviço: Para informações sobre o Instituto e o acompanhamento das ações, acesse no instagram www.instagram.com/ihp_pantanal_