(Matéria original completa em https://conexaoplaneta.com.br/blog/quatro-mulheres-conservacionistas-se-unem-para-reduzir-atropelamentos-de-fauna-em-bonito-ms/ )
Fernanda Abra, Angela Kuczach, Juliana Camargo e Raquel Machado são referências nas áreas em que atuam.
Reconhecida, em 2019, com um dos prêmios de meio ambiente mais importantes do mundo, como já contamos aqui, Fernanda é bióloga, especialista em Ecologia das Estradas, com foco no atropelamento e morte de mamíferos, e é sócia-diretora da ViaFAUNA.
Angela é diretora executiva da Rede Pro-UC, expert em unidades de conservação, em fazer boas conexões e idealizadora do maior evento de mobilização pelas áreas protegidas do Brasil: Um Dia no Parque.
Juliana e Raquel atuam na reabilitação e reintrodução de animais silvestres. Com a Ampara Silvestre e o Instituto Raquel Machado, elas também garantem o bem-estar daqueles que, infelizmente, não podem voltar a seus habitats, em
geral, vítimas do tráfico.
Agora, as quatro conservacionistas estão unidas em um projeto para reduzir os atropelamentos da fauna nas rodovias de Bonito, em Mato Grosso do Sul. E conhecem bem o tamanho do desafio.
Quem iniciou esse movimento foi Raquel, que também é conselheira da Fundação Neotrópica do Brasil.
Indignada com a quantidade de animais encontrados mortos todos os dias nas estradas da região, ela procurou por Ângela, que rapidamente conectou Fernanda, especialista no tema.
Em seguida, Raquel convidou Juliana para integrar o grupo que, nos próximos anos, vai trabalhar pela redução das colisões que envolvam animais nas rodovias de Bonito, incluindo a MS-382, MS-178, MS-345 e a Estrada do Turismo,
nome dado à Avenida Matheus Muller.
Para se ter ideia da dimensão dessa tragédia, Fernanda me passou dados de monitoramentos realizados pelo ICAS- Instituto de Conservação de Animais Silvestres (liderado pelo biólogo Arnaud Desbiez) e pela INCAB – Iniciativa
Nacional de Conservação da Anta Brasileira (liderado pela especialista em antas, Patrícia Médici), entre fevereiro de 2017 e janeiro de 2020, nas rodovias MS-040, BR-262 e BR-267, no Mato Grosso do Sul.
São alarmantes! Só de mamíferos terrestres morreram quase 2 mil, sendo que cerca de 16% são de espécies ameaçadas de extinção, condição para a qual os atropelamentos contribuem todos os dias.
O Grupo Unidos Serra da Bodoquena lançou um abaixo-assinado para pressionar a AGESUL – Agência Estadual de Gestão de Empreendimentos de Mato Grosso do Sul para instalar placas de sinalização e redutores de velocidade nas rodovias do Município de Bonito, Estado de Mato Grosso do Sul. A meta é obter 7.500 assinaturas: ainda faltam 1.629.
Mitigação, comunicação e advocacy
A princípio, o projeto terá três frentes de trabalho:
- Plano de mitigação para redução de colisões que envolvam animais silvestres de médio e grande porte em estradas e rodovias de Bonito;
- Campanha de Comunicação/Conscientização: atividades para engajamento da população acerca das colisões de fauna; e
- Advocacy: atividades institucionais/políticas para inuenciar a criação de novas políticas públicas, alocações de recursos e gestão da problemática das colisões nesses viários.
A primeira fase consistiu em uma avaliação in loco das rodovias estaduais acima citadas, a fim de levantar que estruturas são desejáveis para o plano de mitigação, tais como alocação de passagens inferiores de fauna, passagens superiores de fauna, cercamento, alocação de placas de sinalização de advertência e de travessia de fauna, além de limitadores físicos e eletrônicos (radares) de velocidade.
O mapeamento identificou 11 pontos para alocação de passagens superiores, incluindo pontos de alta circulação de turistas como a Estrada do Turismo, que dá acesso a diversos atrativos da cidade e na rodovia MS-178, na ponte dos rios Formoso e Formosinho, veja abaixo.