A queimada que há 10 dias atinge o Pantanal sul-mato-grossense já destruiu uma área equivalente à cidade do Rio de Janeiro. Segundo dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), já foram queimados 122 mil hectares na região de Corumbá e Miranda.
Este é o segundo incêndio de grandes proporções no Pantanal em dois meses. No primeiro, só em uma fazenda, foram destruídos 35 mil hectares. Os números do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) mostram que houve aumento nas queimadas no Pantanal. Nos primeiros três dias de novembro foram 393 focos, sendo que a média para todo o mês é de 405.
No mês passado, o total de focos no Pantanal foi 20 vezes maior. O bioma vai na tendência contrária ao que foi verificado pelo Inpe na Amazônia, que teve o menor número de queimadas para um mês de outubro desde 1998. Entre outros fatores, a diminuição dos focos na Amazônia foi verificada após ações do Governo Federal como a implementação da Operação da Garantia da Lei e da Ordem Ambiental (GLO).
A dimensão do incêndio desta vez é bem maior. O governo do estado resumiu como de "proporções nunca registradas" e "cenário de devastação". A faixa de fogo vai da BR-262, que leva até a cidade de Corumbá, até pontos de difícil acesso no meio da mata.
Quem passava pela rodovia se via cercado. De um lado fogo, e no outro havia vegetação queimada e à frente e atrás, cortina de fumaça. A Polícia Rodoviária Federal (PRF) não interditou a rodovia, porém, pediu que se evitasse passar por lá à noite. Na BR, o cenário é flora cinza.
Mata à dentro, animais mortos queimados. Entre eles, jacarés. Outros tentam fugir dos focos de calor e das chamas. Somente em uma estrada, em um trecho de 12 quilômetros, quatro pontes foram queimadas e os bombeiros precisaram abrir um desvio para tráfego de moradores da região.
Além de moradores, a região concentra pousadas e ainda uma base de pesquisa da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul. O fogo chegou bem perto da base de estudos. Funcionários passaram o domingo jogando água na vegetação para encharcar o solo. Alagados secaram com o calor do incêndio. Em um deles, onde havia também plantas aquáticas, só ficaram cinzas e peixes ainda se debatendo na lama que sobrou.
O fogo também destruiu cabos de fibra óptica e “isolou” Corumbá por alguns dias. A internet na cidade tem oscilado diariamente e quando os incêndios começaram houve falta de energia. As chamas também chegaram bem perto de onde estão sendo instaladas torres de comunicação do Sistema Integrado de Monitoramento de Fronteiras (Sisfron), do Ministério da Defesa.
Combate
O combate à queimada é feito por brigadistas e bombeiros, com apoio de três aviões que já lançaram mais de 200 mil litros de água. Um deles, o do Mato Grosso, já completou 30 horas de voo e foi para Cuiabá fazer manutenção preventiva.
Há trechos em que as aeronaves passam por cortina de fumaça para despejar água em pontos de difícil acesso. Máquinas abrem estradas para levar caminhões com água até os combatentes.
Para ajudar no combate, a Defesa Civil pediu a volta dos bombeiros do Distrito Federal que devem chegar essa semana. Um grupo já havia estado no Pantanal durante o incêndio do mês de setembro.
As condições climáticas: umidade relativa do ar baixa, ventos fortes e temperaturas altas dificultam o trabalho. O vento espalha o fogo rapidamente e as labaredas se intensificam por causa do tempo seco.
Os bombeiros de Mato Grosso do Sul devem receber novos kits de combate a incêndios doados pela WWF.
Em setembro, diversos municípios decretaram emergência por conta das queimadas. No fim do mês, choveu na região e os focos de incêndio acabaram. Os bombeiros desmobilizaram as equipes e os de outros estados encerraram o trabalho no Pantanal.