Com pontos mais críticos em seu curso inicial, o Rio Miranda enfrenta assoreamento que resulta em formação de bancos de areia e desvio do leito. Formado pelo Rio Roncador e Córrego Fundo, em Jardim, o Miranda percorre 490 quilômetros até a foz no Rio Paraguai, já no município de Corumbá.
De acordo com o biólogo e coordenador de monitoramento ambiental do IHP (Instituto Homem Pantaneiro), Sérgio Eduardo Barreto de Aguiar, os processos de assoreamento são acelerados por degradação das matas ciliares, mau uso do solo, processos erosivos e, principalmente, com a degradação da nascente.
O baixo nível do rio afeta a migração das espécies, facilita a pesca predatória e dificulta a fiscalização.
O Instituto Homem Pantaneiro atua para recompor as matas ciliares (vegetação que margeia o curso de água), uma das medidas que podem preservar as águas do Miranda.
O projeto Cabeceiras do Pantanal reúne diversas entidades para promover a conservação, preservação e gestão sustentável. “Com objetivo de garantir a disponibilidade hídrica e a ampliação de cobertura vegetal nativa e recuperação de áreas degradadas, fundamental para fornecimento de serviços desse importante rio”, afirma o biólogo.
Diretor-presidente do IHP, Ângelo Rabelo destaca que são décadas de degradação. “O Rio Miranda tem comprometimento das nascentes que vem de 30 anos, 50 anos. A parte superior do Miranda perdeu grande parte da profundidade. Como demorou décadas para causar o passivo, não tem milagre”, afirma.
Presidente do Instituto das Águas da Serra da Bodoquena, Eduardo Folley Coelho, lembra que Mato Grosso do Sul já testemunhou o desastre ambiental do Rio Taquari. “Precisamos trabalhar para que não aconteça com o Miranda o desastre do Taquari. O Miranda é um rio muito importante. A gente não pode deixar um recurso desse morrer”, disse.