As autoridades de saúde dos Estados Unidos anunciaram o início de ensaios clínicos para testar diferentes estratégias de dosagem para a vacina contra a varíola dos macacos em meio a discussões sobre sua eficácia. Os testes envolverão 200 adultos com idades entre 18 e 50 anos em todo o país, e serão conduzidos pelo Instituto Nacional de Alergias e Doenças Infecciosas (NIAID).
A vacina Jynneos, fabricada pela Bavarian Nordic, com sede na Dinamarca, foi aprovada nos Estados Unidos para a prevenção da varíola tradicional, erradicada em 1980, e da varíola dos macacos em pessoas com 18 anos de idade ou mais. A campanha no país é direcionada a pessoas consideradas em maior risco de exposição, como profissionais da saúde e homens que fazem sexo com homens.
No entanto, não há certeza sobre a eficácia real do imunizante por ele ter sido desenvolvido para a varíola tradicional. Como os vírus são da mesma família e oferecem proteção cruzada, ou seja, a imunidade contra um protege contra o outro, espera-se que a vacina permaneça eficaz contra o monkeypox.
O novo ensaio, porém, não foi projetado para produzir uma estimativa de eficácia, mas sim para medir a resposta imune de diferentes níveis de dosagem e métodos de administração.
"O teste da vacina Jynneos do NIAID fornecerá informações importantes sobre a imunogenicidade, segurança e tolerabilidade de abordagens alternativas de dosagem que poderão expandir o atual suprimento de vacinas", declarou o diretor do NIAID, Anthony Fauci, em comunicado.
O imunizante é baseado num vírus atenuado relacionado ao patógeno da varíola, modificado para que não possa se replicar dentro do corpo humano. Ele é administrado em duas doses com 28 dias de intervalo.
Um primeiro grupo de voluntários será inoculado por via subcutânea, e um segundo receberá injeções por via intradérmica, ou seja, entre as camadas da pele. A última estratégia visa ampliar a disponibilidade de vacinas, pois utiliza um quinto da dose padrão.
Um terceiro grupo também receberá injeções intradérmicas, mas com metade do nível de dosagem do segundo grupo, para diminuir ainda mais a quantidade necessária. Os cientistas vão avaliar as respostas imunes e comparar os efeitos colaterais entre os diferentes participantes.
O governo dos EUA aposta fortemente na vacina para conter a propagação da varíola dos macacos, que infectou mais de 20.000 pessoas no país desde maio, o local mais afetado atualmente pelo surto. O Brasil também receberá unidades do imunizante por meio da negociação coletiva com a Organização Pan-americana de Saúde (Opas). As primeiras 20 mil doses são esperadas para este mês.
A varíola símia se espalha por contato direto com lesões, fluidos corporais e gotículas respiratórias e, às vezes, por contaminação indireta por meio de superfícies como roupas de cama compartilhadas. No surto atual, no entanto, há evidências preliminares de que a transmissão sexual pode desempenhar um papel.
O vírus causa lesões dolorosas na pele e apresenta sintomas semelhantes aos da gripe. A maioria das pessoas se recupera completamente, mas a doença pode causar sérias complicações, incluindo infecções bacterianas, inchaço cerebral e morte.