Com as plataformas de streaming em alta, a videolocadora Tai Cine e Café, mesmo depois de 20 anos e quatro proprietários, resiste firmemente. Em Bonito, o espaço realiza também outros serviços para se manter de portas abertas e continuar com a sua essência: os aluguéis de DVDs por R$ 5. São mais de 4 mil filmes no acervo em um lugar que a maioria não vê mais utilidade.
Evandro Ribeiro, de 26 anos, desconhece a existência de outro local do tipo ainda em Mato Grosso do Sul. A história dele com o espaço em Bonito é antiga. “Eu e minha esposa compramos aqui no fim de 2020, mas eu já vinha para cá quando era criança. Lembro de juntar dinheiro para locar os filmes e usar o cyber para fazer as tarefas da escola”, relembra.
Por gostar de colecionar filmes, o empresário continuou frequentando a locadora por muitos anos e já foi até funcionário. Ele detalha que trabalhou por quase um ano em 2018 e 2019, mas depois saiu da empresa e se dedicou a outros locais.
Pouco tempo depois, ele recebeu a notícia de que a antiga dona queria encerrar o atendimento e, em conjunto com sua esposa, decidiu que iria comprá-la e continuar com os serviços. “Renovamos tudo, agregamos os novos serviços e começamos a divulgar mais o empréstimo dos DVDs, porque muita gente não sabia como funcionava”, diz.
Atualmente, os empréstimos continuam como eram feitos no passado, onde o cliente paga uma taxa de R$ 3 para filmes mais antigos e R$ 5 para os mais recentes, leva o DVD para casa e precisa devolver em alguns dias, conforme definido pela loja.
Em comparação ao acervo inicial, o espaço destinado à locação precisou diminuir, mas o proprietário garante que os filmes ainda fazem sucesso. “Nós atingimos tanto pessoas da cidade quanto as que moram em fazenda. Começamos a fazer uma publicidade bem grande e não passam dois dias que pelo menos uma pessoa venha locar os filmes”, afirma. Além dos empréstimos, outro público que ajuda a manter a locadora ativa é composto por turistas. Segundo Evandro, muita gente que visita a cidade nem acredita que o lugar ainda existe, por isso até a locadora vira ponto especial para quem vem de fora.
Devido à cidade não possuir cinema, uma sala de exibição para 15 pessoas também foi instalada na locadora. Ele disse que não consegue realizar o funcionamento realmente como cinema, mas que alguns filmes do catálogo ou que são disponibilizados por streaming são exibidos mensalmente.
Mesmo com todos os diferenciais para chamar a atenção, a loja não consegue se estabelecer apenas com as locações e, sem querer perder a chance de manter os DVDs ativos, Evandro conta que o jeito foi agregar o máximo de serviços. “Nós ainda fazemos impressões, decoração impressa para bolo, algumas assessorias como agendamento de perícias, regularização do título de eleitor e assim vai”, disse. Questionado sobre a possibilidade de abandonar os DVDs, ele argumentou que isso está fora de questão, tanto por ser uma relíquia quanto pelo amor que sente pela loja.